Uma casa, um carro, uma bola ou um copo são objetos que fazem matematicamente parte das nossas vidas. Para o Prof. Everton Jacinto, esse fenômeno é conhecido por Numerância, isto é, “a arte de perceber a Matemática nas coisas”. Ele explica que “a Matemática pode estar em toda parte. Mas, a Numerância é o que permite ver, entender e usá-la”.
Fundamentados por esse conceito, jovens pesquisadores* da Faculdade de Educação da Universidade Nacional Timor Lorosa’e começaram, na última semana de outubro, a realização de pesquisas experimentais em instituições de ensino timorenses, envolvendo o estudo das capacidades de Numerância dos alunos em situações do dia a dia.
O objetivo principal é analisar as diversas formas com as quais os alunos timorenses da educação básica desenvolvem suas capacidades em Numerância, bem como as influências que isso pode ter sobre a aprendizagem da Matemática escolar. O trabalho vem sendo desenvolvido sobre eixos temáticos, como: As Formas do Quebra-cabeça, A Geometria do Origami e O Dinheiro da Vida.
Os pesquisadores da universidade, juntamente com seus supervisores, organizaram e planejaram atividades experimentais intencionando despertar nas crianças a necessidade de demonstrar suas capacidades. Esse objetivo de despertar as capacidades em Numerância dos alunos sobre o material desencadeou-se, ao longo do trabalho, como elemento desafiador na resolução de situações-problema.
Uma das atividades realizadas, utilizando o princípio da Numerância, envolveu 22 alunos do 5º ano da Escola Básica Central de Díli. Eles foram motivados a construir figuras geométricas (quadrados com três peças, triângulos com quatro peças) e não geométricas (casas, animais, objetos) com base nas peças do quebra-cabeça TANGRAM.
Ficou evidente, na fala dos alunos, uma aproximação com nexos conceituais relacionados à Matemática (congruência, semelhança, rotação, translação, razão e proporção) e a previsão de aplicação das próximas atividades experimentais (A Geometria do Origami e O Dinheiro da Vida) é para o início do mês de novembro.
Desse primeiro experimento, foi notória a riqueza que o trabalho pôde oferecer. As crianças timorenses não só demonstraram suas capacidades em Numerância, como também desenvolveram novas formas de aprendizagem da Matemática. Em relação aos jovens pesquisadores, o experimento trouxe valiosas contribuições para repensar as práticas didáticas, bem como novas metodologias de pesquisas em Educação para o Timor-Leste.
* Lenita de Fátima Sarmento; Fidélio O. Pereira da Costa e Josefina Filipe Gusmão (estudantes pesquisadores do Departamento de Formação de Professores do Ensino Básico da UNTL).
por Everton Jacinto
Mestre em Educação pela UFG e professor do Programa PQLP/CAPES/UFSC na área de Matemática