A problematização do diálogo: Uma permanente necessidade formativa

As questões relacionadas aos múltiplos papéis do diálogo para uma formação humanizadora  foram os elementos problematizados durante a conversa formativa proposta pelo Prof. Dr. Antonio Fernando Gouvêa da Silva (UFSCar-Campus Sorocaba) como um membro convidado pelo Programa Pró-Mobilidade Internacional Brasil/Timor-Leste. O espaço proposto para formação continuada dos cooperantes do Programa de Qualificação de Docentes e Ensino de Língua Portuguesa no Timor-Leste (PQLP) ocorrido na sexta feira (24/4) foi apenas um dos diversos momentos formativos inseridos à formação permanente desses profissionais, que pode contribuir para elucidar maiores questões a respeito do referencial teórico filosófico de Paulo Freire na educação.

A proposta provocativa do professor Gouvêa se iniciou com a tentativa de reconhecimento do diálogo que, como ato político, se torna um elemento central ao processo comunicativo distanciando-se da extensão como prática pedagógica domesticadora. Para tanto, o professor iniciou sua fala com as distintas perspectivas do termo extensão, comumente aplicado à extensão universitária, evidenciando as contradições postas sobre o papel social do conhecimento sistematizado, como um instrumento eurocêntrico de dominação. Inspirado na abordagem freireana, sua proposta se configura na comunicação como o resultado da tensão dialética e dialógica dos sujeitos implicados no ato educativo. Sujeitos que ao tencionarem suas visões de mundo produzem cultura.

Buscando exercitar junto aos professores presentes uma análise coletiva de duas aulas de Geografia, cuja intencionalidade era a formação de sujeitos críticos, o professor Gouvêa discorreu sobre a indissociabilidade da forma (método) e do conteúdo (currículo). Logo, evidenciou a insuficiência da consciência crítica posta sobre a necessidade da transformação  dialética da realidade. Sendo assim,  não basta termos a consciência dos problemas se esta não está posta em movimento, ou seja, se esta não é conscientização.

Posteriormente às discussões e aos questionamentos, sempre fundados na prática pedagógica viva, ficou clara a necessidade de problematizarmos o diálogo enquanto elemento central ao processo de humanização nas mais distintas esferas sociais, estando a Educação no centro dessa busca.

 

por Prof. André Luís Franco da Rocha

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