PAULO FREIRE NO TIMOR-LESTE: do colonialismo ao capitalismo

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A Pedagogia Libertadora de Freire através da história da educação timorense foi a temática discutida pelo Prof. Ms. Reinaldo Marchesi (PQLP/CAPES), no encontro da formação contínua dos cooperantes do Programa de Qualificação de Docentes e Ensino de Língua Portuguesa no Timor-Leste (PQLP), ocorrido na última sexta-feira (29/5). Participaram também do encontro Talik Reis (Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente – FRETILIN), João Felix Gimino (FAO– Brasil) e Mari Carmen Rial Gerpe (Embaixada do Brasil/Timor-Leste). Foi apresentado a diferença entre as pedagogias dos diversos períodos da história do Timor-Leste. O caminho percorrido foi: a educação colonialista no Timor Português (1512 a 1975); a pedagogia libertadora de Freire nos primeiros anos da resistência timorense (1975 a 1979); o projeto educacional de indonesiação durante ocupação Indonésia (1975 a 1999); e as estratégias do Banco Mundial e a educação capitalista, após restauração da independência de Timor-Leste (2002 a 2015).

Essa discussão é fruto da pesquisa e da docência desenvolvida pelo Prof. Reinaldo desde o ano passado na Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL). Os resultados obtidos estão sendo trabalhados com seus alunos na disciplina Pedagogia do Ensino no curso de Formação de Professores da Educação Básica. Na sala de aula, antes de trabalhar os conteúdos das diferentes pedagogias da educação estrangeira, o professor procurou inserir conteúdos históricos das pedagogias já experimentadas no próprio país. A iniciativa surge do seu incômodo perante a lacuna existente nos currículos das escolas e universidades do Timor, que não contemplam conteúdos, metodologias e aprendizagens que partam do contexto histórico local. Segundo o professor: “o que se ensina é apenas a história da educação estrangeira. Mas a educação timorense é riquíssima de personagens e eventos importantes pouco divulgados e debatidos”.

Na apresentação o professor discorreu sobre os princípios da Pedagogia Libertadora que foram trazidos de Lisboa pelos estudantes da Casa dos Timores, em 1975. “Essa pedagogia foi de suma importância na formação de base da FRETILIN, os ensinamentos de Paulo Freire foram fundamentais na história da luta anticolonialista do movimento independentista dos timores”.

Diante desse contexto, o pesquisador alerta sobre a falta de debates e ações que contribuam para o fortalecimento da identidade desse povo historicamente explorado e oprimido. Ele critica a precariedade de ações que resgatem muitas partes do quebra-cabeças dessa história não registrada no Arquivo & Museu da Resistência Timorense. Assim, destaca a importância do trabalho de pesquisas e publicações de conteúdos da história local para que os jovens timorenses conheçam as várias versões da própria identidade de luta do país. Para o professor Reinaldo: “os agentes do estado deveriam considerar a possibilidade de inserir a disciplina ‘História da educação timorense’ nas futuras reformulações curriculares, mas para isso, precisa-se de mais incentivo a pesquisas e produções bibliográficas que atendam essa demanda”.

Sobre essa preocupação, o convidado Talik Reis destacou o trabalho que está sendo construído dentro de seu partido: “Através da proposta de encontros de formação política e educacional, a ideia é resgatar e debater a nossa própria história para que os jovens compreendam as origens dos princípios e valores da luta de independência de nossa pátria”.

Muitos dos professores cooperantes participantes do debate demonstraram interesse pelos resultados apresentados e entusiasmados com a discussão em pauta.

 

 

 

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